Chuvas, ventos e variações de temperatura provocadas pelo calor e pelo frio alteram e desagregam os solos. Essa ação modeladora da paisagem é um processo natural e importante para a formação de relevos. O problema surge a partir do momento que é retirada a vegetação, tornando o solo descoberto e exposto a erosões, podendo levar nos casos de longa duração à desertificação.
A perda da camada mais superficial do solo pode ser causada pelos mais variados fatores, tanto de fenômenos naturais quanto da ação humana. Essa superfície é naturalmente coberta por uma camada de terra, rica de nutrientes inorgânicos e materiais orgânicos, formado por fragmentos de rochas misturados com restos de animais e vegetais que são trazidos pelo vento ou pelo rio. Se essa camada é retirada, esses materiais desaparecem e o solo começa a perder a função de fazer crescer vegetação, e, a partir do momento que vem a chuva, ela arrasta parte dos sedimentos para os rios provocando o assoreamento, sendo mais grave em solos descobertos. Um dos grandes problemas da erosão é a baixa coesão do solo associada a declives fortes causadas por eventos de chuvas intensas.
Uma das técnicas utilizadas para o controle de processos erosivos e como proteção e reforço em obras civis, é a Bioengenharia de solos ou Bioengenharia natural. Prática multidisciplinar que agrega princípios técnicos, ecológicos, estéticos e econômicos na estabilização de taludes e encostas. Procedimento que associa partes do que é praticado na engenharia tradicional com a inclusão de materiais vivos.
A Bioengenharia de solos remonta desde a Antiguidade, aos antigos povos da Ásia e Europa. Na China, por exemplo, foram utilizados para estabilizar as margens de cursos d’água, feixes de plantas vivas.Inserida no campo da ciência, sua aplicação conjuga elementos inertes (madeiras, pedras, geotêxteis, metais, concretos e fibras sintéticas e naturais) e vivos (vegetação e microorganismos) em obras de proteção e recuperação do solo. “A gente trabalha com materiais diversos como toras de madeira, rochas, geotêxteis, mudas, sementes, hidrossemeadura (indicado para taludes terrosos e com características físico-químicas que permitam a revegetação em curto prazo), são vários aspectos que conjugadas recuperam estabilizando taludes que estavam em processo erosivo”. Além de controlar a erosão, é também função desse meio recuperar a biodiversidade daquelas áreas.
Essa prática atua, principalmente, em taludes de rios e encostas – situações onde o processo erosivo é mais grave. Sua utilização deve ser criteriosa, possuindo um cuidado extra na escolha de plantas que irão compor o ambiente, além do planejamento que deve ter enfoque multidisciplinar, em seu meio físico e biótico.
Quando fala da alternativa, normalmente se relaciona a margens de rio que são áreas de preservação permanente. Usam-se espécies nativas da flora local, associando a elas biomantas antierosivas, preferencialmente, as que são feitas de materiais naturais, como fibra de coco, junco, sisal, bananeira, entre outros. Em estradas, podem-se utilizar espécies exóticas, como gramíneas, que são capazes de aumentar a coesão e resistência dos solos.
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